É razão de orgulho para os tchecos as suas origens e tradições cervejeiras. Orgulho que é comprovado pelo consumo – em nenhum outro lugar do mundo se consome tanta cerveja por pessoa como na República Tcheca; são mais de 143 litros de cerveja por ano, 35 litros mais do que o Segundo lugar, ocupado pela Áustria. A Alemanha completa o ranking com 107 litros de consumo/ano.
O curioso em relação ao hábito de consumo de cerveja pelos tchecos é que mais da metade do consumo se dá pela forma de chope, na extração em barris existentes em todos os bares e restaurantes do país. Além disso, somente 4% do consumo se dá por cervejas em latas.
Surgimento da Pilsen
Foi na região da Boêmia, na cidade de Pilsen que surgiu o estilo de Pivo (cerveja em países com língua eslava) mais popular do mundo, nomeado igual a cidade, no ano de 1842. Nos 200 anos anteriores a fabricação e consumo de cerveja estava passando por um declínio, sendo o século XIX o período do renascimento da bebida mais adorada do mundo.
Até o século XVI, as cervejas eram fabricadas somente pelo método ALE, com fermentação em altas temperaturas. Na segunda metade do século, devido a conservação do líquido em adegas frias e úmidas nos Alpes (que aconteceu por causa da proibição em regiões na Alemanha de fabricação do liquido no Verão), surgiu o estilo LAGER (que significa guardado, armazenado). Esse método de fabricação em temperaturas muito baixas altera o desempenho da levedura na cerveja (ela não flocula), tornando a bebida mais clara e leve.
Junto a outras descobertas entre os séculos XVI e XIX, como o desenvolvimento de novas leveduras, mais propícias na fermentação à baixa temperatura; utilização de outros tipos de malte e novos processos para sua secagem, tornaram o ambiente propício para o renascimento cervejeiro, proliferação das LAGERS e a descoberta das PILSEN.
A região estava com problemas de pragas na fabricação de cerveja e contratou um renomado mestre-cervejeiro, Josef Groll, com grande conhecimento das tendências e métodos de fabricação. Josef não só solucionou a questão como também surgiu com um novo líquido claro, carbonatado, leve, suave e refrescante. Era a primeira Pilsen.
Séculos depois, o estilo é fabricado/copiado/adaptado nos quatro cantos do mundo, sendo responsável por mais de 95% do consumo de cerveja no Brasil!
Cenário Cervejeiro Atual
Em tempos recentes, a região estava sob domínio do comunismo. Na época, ir até um bar tomar cerveja como os amigos era uma das poucas diversões e espaço para o lazer; somando isso ao vício ao álcool e ao baixo custo, transformando em um ambiente propício para a cena cervejeira.
Ocorre que durante muito tempo não foi feito grande investimento na melhoria e desenvolvimento da indústria cervejeira – e isso trouxe impactos diretos. Pelo lado positivo, técnicas originais permaneceram intactas, bem como as tradições e mentalidade da produção de cerveja – tempo em que a produção e desenvolvimento cumpria ao mestre cervejeiro e não a sua equipe de marketing.
Pelo lado negativo, até a queda do regime soviético em 1993 (que também resultou na fragmentação da Tchecoslováquia em República Tcheca e Eslováquia), o mundo não tinha acesso às Pilsens originais, direto da casa original. Levou muito mais tempo para que o universo de cerveja tcheco fosse introduzido ao restante do mundo, permanecendo como uma cena local.
Budweiser x Budvar x Bud
Uma vítima clara desse atraso a globalização é de uma cerveja que existe há séculos na República Tcheca, sendo bastante difundida na região, seu nome – BUDWEISER. Assim como ocorreu com a própria cerveja Pilsen e outras, é comum nomear a cervejaria da cidade com seu próprio nome – foi o que ocorreu com a cerveja Budweiser Budvar, da cidade de Budweis, em 1895.
Paralelamente, em 1878 a marca Budweiser era registrada nos Estados Unidos. O problema aconteceu quando os mercados de atuação passaram a coincidir. Com os nomes iguais, o problema se mostrou certo.
Argumentos de direito de uso de nome, critérios estabelecidos por diferentes países (para a República Tcheca valia o critério de se acrescentar o sufixo –er, traduzível como “de” ao final do nome da cerveja para indicar procedência). A Americana inclui arroz em sua fórmula, em oposição a tradicional Lei de Pureza. No fim, alguns países reconhecem o direito da marca Americana (inclusive o Brasil) e a tcheca é vendida pelo nome Czechvar; em 40 países, como França, República Tcheca e Alemanha. A tcheca manteve seu direito, enquanto a Americana é comercializada sob a alcunha “Bud”.
Curiosidades da Escola Tcheca
Outra curiosidade em relação ao país é que as cervejas produzidas lá trazem em seu rótulo a indicação da concentração de açúcares fermentescíveis em escala de medida desenvolvida no século XVII. Como aproximação para nós que dificilmente vamos estudar essa escala – o teor alcoólico da cerveja (que tem relação direta com o índice alcoólico é aproximadamente 4 vezes menos do que o número indicado no rótulo. Se o número é 15, o teor alcoólico deve ser pouco menos de 4%.
Mais de 80 cervejarias povoam o país, com grande variedade de estilos, muito embora o Pilsen predomine. Esse ambiente propicia grande faturamento ao turismo, com muitas opções de destinos com temática cervejeira – desde visitas às principais cervejarias, como da Pilsner Urquell, até a belíssima capital da República Tcheca, Praga, com ambientes que mesclam o pré-industrial com a temática comunista. E sempre com muitos bares e cervejas!
A República Tcheca é o país que mais consome cerveja. A média de consumo anual é de 143 litros por habitante.
Lista de cervejas da República Tcheca
Pilsner Urquell
Estilo: Bohemian Pilsener
Percepções: Primeira cerveja do estilo Pilsener, parâmetro para todas as demais. Floral, fresca, equilibrada e levemente cítrico.
Nota RB: 93
Preço: R$ 12 por 500ml
Budweiser Czechvar
Estilo: Bohemian Pilsener
Percepções: Ótima Pilsen, um pouco mais amarga.
Preço: R$ 16 por 500ml
Bernard Lezak 12 Dark Lager
Estilo: Dunkel
Percepções: Bastante escura com espuma linda e duradoura. Doce suave.
Nota RB: 98
Preço: R$ 18 por 500ml
Primator Exkluziv
Estilo: Doppelbock
Percepções: Potente, lembrando frutas secas e vinho do porto.
Nota RB: 47
Preço: R$ 22 por 500ml
Sugestões do Uppermag
1795
Cervejaria: Budejovicky Mestansky Pivovar
País de origem: Republica Tcheca
Estilo: Pilsener
Álcool (%): 4,70% ABV
Aroma: Biscoito, malte e herbal lúpulo.
Temperatura: 6 - 8ºC
Harmonização: Hamburguer; Churrasco.
Autêntica pilsener tcheca, imprescindível para conhecer o estilo. Delicadamente seca, amarga e lupulada, tendo um sabor suave e um perfil limpo. Cor dourada e transparente com espuma branca pouco volumosa. No aroma, ela é suave, tendo notas condimentadas leves sutis de frutos secos. Paladar delicadamente amargo e seco, sem excessos e sem agredir, com acidez bem sutil de entrada e uma leve doçura apenas na finalização. Ótima drinkability, forte sensação de limpeza do paladar.
ZlatoPrazske Lager
Cervejaria: Nova Paka Brewery
País de origem: Republica Tcheca
Estilo: Pilsener
Álcool (%): 5% ABV
Aroma: Malte e herbal do lúpulo.
Temperatura: 5 - 7ºC
Harmonização: Hambúrguer; Churrasco; Picantes
Coloração dourada quase âmbar levemente turva. Espuma branca com boa formação e esparsa. O aroma com dulçor do malte caramelizado prevalece sobre as notas florais do lúpulo. No sabor, antegosto doce e gosto principal balanceado. Corpo leve de textura seca e bem carbonatado. Retrogosto caramelo e leve amargor. Autêntica Bohemian Pilsner, bastante refrescante e suave. Ótima drinkability.
Gostou? Temos essas e muito mais na BeerBag. Para fazer o pedido, preencha o questionário no site, receba sua Upperbag e também sua primeira BeerBag. Atendimento exclusivo para São Paulo, o frete é grátis e você só paga pelos itens que escolher comprar.